A história do Dragão do Mar – Chico da Matilde por Ricardo Falcão – vice presidente do IMPA
Francisco José do Nascimento, também conhecido como Chico da Matilde, o nosso Dragão do Mar, ele foi prático aqui do Porto de Fortaleza. Mas isso não define o que ele representou, na verdade, para todo o povo brasileiro, esse herói que ele se transformou. Ele foi nomeado segundo prático do Porto de Fortaleza em 1884 e, logo na sequência, a gente teve uma das maiores secas da história do Ceará, foi em 1877, que junto com uma
crise de varíola matou muita gente e destruiu economicamente o Estado. E nesse momento a escravidão, que estava institucionalizada no Brasil, ela começou a gerar um problema porque você não tinha como produzir mais em algumas fazendas e os escravos começaram a ser exportados do Ceará para as terras do sul, pras fazendas de São Paulo, pras fazendas do Rio de Janeiro. Nos três anos seguintes, de 1877 até 1880, oito mil escravos foram vendidos para as fazendas do sul do Brasil. E justamente em 1880 o Dragão do Mar, não era chamado assim na época, ele ainda era só Francisco José do Nascimento, Chico da Matilde, ele foi nomeado Prático-Mor do Porto de Fortaleza, ou seja, ele passou a ser o chefe dos práticos. E quando chegou janeiro de 1881 ele decidiu que no Ceará não se embarcam mais escravos, ele disse que “não há força bruta no mundo que faça o Ceará embarcar mais escravos”. Ninguém esperava aquilo Então, chamaram o 11º Batalhão de Exército
que cedeu dois mil soldados armados, que apontaram os fuzis pra ele e ele disse: “não cedo, os práticos não vão embarcar mais escravos”. Houve uma verdadeira greve dos práticos de ‘não se embarcam’ e ‘vai ficar por isso mesmo’ e após várias tentativas o governo federal, que na época era o Império, desistiu. Isso em 1881. Ele foi tratado com grande espanto na Capital. Por que como é que você pode ter tantos intelectuais na Capital discutindo sobre a abolição e ninguém fez nada a respeito e você tem um trabalhador do mar, nosso Prático-Mor do Porto de Fortaleza que foi lá, tomou uma atitude e parou o tráfico, simplesmente ele conseguiu dar uma ação efetiva. Claro, há relatos de que o próprio Imperador D. Pedro II era favorável à ideia mas não havia clima econômico e político que o suportasse. Os cafezais do sul do país e outras regiões produtoras não davam nenhum tipo de apoio para que esse movimento prosperasse. Então, nessa época, José do Patrocínio, um
abolicionista, cunhou inclusive a expressão ‘Terra da Luz’ pro Ceará. Francisco José do Nascimento foi ao Rio de Janeiro, ele foi recebido com todas as honras, ele foi carregado nas costas pelo centro da cidade, a jangada dele foi transportada pelo centro da cidade do Rio de Janeiro e ele ganhou a alcunha de Dragão do Mar. Ele retornou à Fortaleza e então, em 1884, quatro anos da Lei Áurea, foi assinada a Abolição da Escravatura no Estado do Ceará, foi o único Estado que decidiu isso, foi o Estado que decidiu que não podia mais compactuar com a escravidão. Só que tem um detalhe: existia um tal de ‘Império Brasileiro’. Como você faz isso? Eles decidiram então fazer uma coisa, eles assinariam no dia 25 de março daquele ano, naquele ano se comemoravam, exatamente no dia 25 de março, os 60 Anos da Constituição Política do Império. Eles estavam esclarecendo uma coisa, que eles não eram contra o Império, eles eram contra a escravidão. Isso não se suportaria
mais no Ceará. E proclamaram e teve efeito no Estado do Ceará: 31 mil escravos foram libertos. Eu espero que a gente tenha o nome dele inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, o processo está acontecendo no Senado Federal, também na Câmara, estamos muito próximos de chegar nesse momento e o Prático-Mor, Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, tenho certeza, será um Herói da Pátria.
crise de varíola matou muita gente e destruiu economicamente o Estado. E nesse momento a escravidão, que estava institucionalizada no Brasil, ela começou a gerar um problema porque você não tinha como produzir mais em algumas fazendas e os escravos começaram a ser exportados do Ceará para as terras do sul, pras fazendas de São Paulo, pras fazendas do Rio de Janeiro. Nos três anos seguintes, de 1877 até 1880, oito mil escravos foram vendidos para as fazendas do sul do Brasil. E justamente em 1880 o Dragão do Mar, não era chamado assim na época, ele ainda era só Francisco José do Nascimento, Chico da Matilde, ele foi nomeado Prático-Mor do Porto de Fortaleza, ou seja, ele passou a ser o chefe dos práticos. E quando chegou janeiro de 1881 ele decidiu que no Ceará não se embarcam mais escravos, ele disse que “não há força bruta no mundo que faça o Ceará embarcar mais escravos”. Ninguém esperava aquilo Então, chamaram o 11º Batalhão de Exército
que cedeu dois mil soldados armados, que apontaram os fuzis pra ele e ele disse: “não cedo, os práticos não vão embarcar mais escravos”. Houve uma verdadeira greve dos práticos de ‘não se embarcam’ e ‘vai ficar por isso mesmo’ e após várias tentativas o governo federal, que na época era o Império, desistiu. Isso em 1881. Ele foi tratado com grande espanto na Capital. Por que como é que você pode ter tantos intelectuais na Capital discutindo sobre a abolição e ninguém fez nada a respeito e você tem um trabalhador do mar, nosso Prático-Mor do Porto de Fortaleza que foi lá, tomou uma atitude e parou o tráfico, simplesmente ele conseguiu dar uma ação efetiva. Claro, há relatos de que o próprio Imperador D. Pedro II era favorável à ideia mas não havia clima econômico e político que o suportasse. Os cafezais do sul do país e outras regiões produtoras não davam nenhum tipo de apoio para que esse movimento prosperasse. Então, nessa época, José do Patrocínio, um
abolicionista, cunhou inclusive a expressão ‘Terra da Luz’ pro Ceará. Francisco José do Nascimento foi ao Rio de Janeiro, ele foi recebido com todas as honras, ele foi carregado nas costas pelo centro da cidade, a jangada dele foi transportada pelo centro da cidade do Rio de Janeiro e ele ganhou a alcunha de Dragão do Mar. Ele retornou à Fortaleza e então, em 1884, quatro anos da Lei Áurea, foi assinada a Abolição da Escravatura no Estado do Ceará, foi o único Estado que decidiu isso, foi o Estado que decidiu que não podia mais compactuar com a escravidão. Só que tem um detalhe: existia um tal de ‘Império Brasileiro’. Como você faz isso? Eles decidiram então fazer uma coisa, eles assinariam no dia 25 de março daquele ano, naquele ano se comemoravam, exatamente no dia 25 de março, os 60 Anos da Constituição Política do Império. Eles estavam esclarecendo uma coisa, que eles não eram contra o Império, eles eram contra a escravidão. Isso não se suportaria
mais no Ceará. E proclamaram e teve efeito no Estado do Ceará: 31 mil escravos foram libertos. Eu espero que a gente tenha o nome dele inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, o processo está acontecendo no Senado Federal, também na Câmara, estamos muito próximos de chegar nesse momento e o Prático-Mor, Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, tenho certeza, será um Herói da Pátria.