ORDEM DO DIA Nº 7/2023
Assunto: Dia do Marinheiro
“Adeus, meus filhos; lembrem-se
que se preparam para servir e honrar a nossa Pátria; e
sempre diante dos olhos a tenhais”
Aproados à imensidão azul,
desafios se entrelaçam ante a resiliência de intrépidos Marinheiros, imbuídos, sob inato
destemor, do compromisso de bem servir e crença em uma Nação vocacionada às
“Coisas do Mar”.
Reverenciar, no “Dia do
Marinheiro”, memória de Joaquim Marques de Lisboa, Almirante Tamandaré, transcende mera
tradição naval. É prestar justa homenagem a experimentado Chefe Naval, cujo colosso de audácia e
liderança militar internaliza o senso do dever.
Orto de 13 de dezembro de 1807,
esse insigne brasileiro teve o “Mar” como preceptor absoluto. Longínquo ao alento da
terra firme, a “Vida de Bordo” o instruiu a perseverar. Tornou-se exímio
“Marinheiro”, predisposto a enfrentar aguilhoadas pela causa nobre: a Defesa da
Pátria.
Patrono da Força Naval,
imortalizou-se pela notável trajetória. Forjado pela atuação heroica em batalhas decisivas, os 66 anos
de incondicional comprometimento com a Pátria e a Marinha personificam, de modo
peremptório, qualidades de homem simples e justo; que, finda a navegação, ao
escrevinhar sua Carta Testamento, se tinha, humildemente, como um “Velho
Marinheiro”.
O Brasil que testemunhara o
prefácio de longeva carreira naval era dispare daquele que chorou a morte do Almirante
Tamandaré, em 20 de março de 1897. No transcurso, tornara-se livre e soberano;
suplantara conflitos internos e externos nos quais esteve implicado; vivenciara
o apogeu do Segundo Reinado e o advento da República. A participação de
Tamandaré em basto momento da história encerra influência direta no curso do
País.
Ao ingressar, como Voluntário da
Armada, tomou parte nas lutas pela Independência; na Guerra da Cisplatina, ao assumir
o comando de um navio aos 18 anos, arriscou a própria vida para salvar
prisioneiros brasileiros em perigo no mar; ademais, Tamandaré comandou a Força
Naval Brasileira em Operações de Guerra na Campanha Oriental e na Guerra da
Tríplice Aliança.
Conquistada a vitória, o
tratamento digno dado ao inimigo atesta nobreza de atitude. É, pois, clara demonstração
do caráter e dos princípios que pautaram a sua vida na Marinha.
Lançar visão sobre o emprego da
Marinha em outrora, aguça o imperativo de o Estado dispor, a qualquer tempo, de uma
Força Naval moderna, aprestada e motivada; compatível e estruturada sob condições de
eficiência que permitam o pronto emprego para a Defesa da Pátria e salvaguarda
dos interesses nacionais nos mares e hidrovias interiores.
Exaltar Rui Barbosa “Esquadras
não se improvisam. (…)” provoca reflexão. A concepção de um Poder Naval crível não pode
ser posta ao efêmero e inesperado. A Marinha resiste à marcha da obsolescência dos meios navais;
insta, no decurso, por reaparelhamento para o eficaz cumprimento da destinação
constitucional; e das atribuições subsidiárias adjudicadas à Autoridade
Marítima Brasileira.
Se o passado emana rasgo
inspiratório dos atos do Almirante Tamandaré, o presente desponta realidade igualmente
desafiadora. Em ambiente operacional amplo, complexo e instável, crucial o
“Marinheiro” estar apto a antever e contrapor-se a múltiplas ameaças.
No cumprimento da sua missão, a
Força Naval empenha esforços para se manter pronta e atenta às alterações da
conjuntura. Ao validar visão otimista para o futuro da Marinha, faz-se por reto
enaltecer o trabalho de “Marinheiros” que, há muito, laboram por modernização, desenvolvimento tecnológico e
ampliação das capacidades operacionais.
Em 2023, em coordenação com
Órgãos e Instituições da Administração Pública Federal, a Marinha buscou iniciativas que
visam programação orçamentária com valor mínimo que assegure, no curto e médio
prazo, previsibilidade de investimentos para perene e profícua consecução dos Programas Estratégicos.
Sob esse prisma, o corte da
primeira chapa da Seção de Qualificação do Submarino com Propulsão Nuclear (SCPN) foi
importante marco no processo de construção do meio que proporcionará interlocução
político estratégica diferenciada ao Brasil. No bojo do Programa de Desenvolvimento de Submarinos
(PROSUB), a incorporação do Submarino Humaitá ao Setor
Operativo, a ocorrer em janeiro
de 2024, id ratifica o êxito continuado de Programa prioritário à Força Naval.
O batimento de quilha da Fragata
“Tamandaré” reafirma os desígnios de, até 2029, incrementar a capacidade
operacional da Esquadra. Primeiro de quatro navios previstos no Programa Fragatas Classe
Tamandaré (PFCT), quando prontos, concretizarão o protagonismo do Estado ao conduzir, por
intermédio do Ministério da Defesa e da Marinha, interação vindoura entre diferentes
expressões do Poder Nacional.
Auspícios de progresso no
continente austral requerem meios que, efetivamente, viabilizem a presença do Estado e
desenvolvimento de Pesquisa. O Programa de Obtenção de Meios Hidrográficos (PROHIDRO), como
enseja o recente batimento de quilha do Navio Polar “Almirante Saldanha”, manterá, em
ritmo adequado, o apoio logístico à Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF); e
incrementará, sobremodo, os estudos científicos no âmbito do estratégico Programa Antártico
Brasileiro (PROANTAR).
No 13 de dezembro, rememorar
predicados de Tamandaré, Herói da Pátria e Patrono da Marinha do Brasil, ilumina o
entendimento dos reptos suplantados e conquistas alcançadas pela Marinha até aqui. A correção dos
atos do Marquês de Tamandaré, ao servir e honrar à sua Pátria, ajusta exemplo não só para
legatários “Marinheiros”, mas para os que nutrem admiração e respeito pelo
trabalho da Força Naval.
Perpetuar seu legado é forma rara
de registrar preito de gratidão ao Patrono de uma Invicta Marinha. Muito além, é fonte
arrebatadora a seguir, a despeito dos mares que vierem, em navegação alvissareira
rumo à construção de uma Marinha compatível com a estatura político estratégica
do País.
Marinheiros, Fuzileiros Navais e
Servidores Civis que desbravam com eminência por “mar, terra e ar”, manifesto
cumprimentos pelo dever cumprido. Com fé alteada e crença na Instituição, instigo
manterem acesa a chama do Fogo Sagrado na derrota a percorrer.
Aos agraciados com a Medalha
Mérito Tamandaré, reitero agradecimento pelo relevante serviço. Convicto do esforço
empreendido por “Marinheiros”, de ofício e afeição, na conscientização da
sociedade pela importância do uso sustentável do “Mar” e emprego da Força Naval como indutores de
desenvolvimento e prosperidade para o Estado brasileiro.
Por derradeiro, assevero que
sopesar o futuro pela ótica do Almirante Tamandaré amálgama, no íntimo do “Marinheiro”, o
ímpeto pela superação. Cultiva a moral; e evidencia o que há de melhor na Marinha do Brasil: a
alma e o entusiasmo do “Homem do Mar”. Ser de luz; que em mar grosso, segue
firme e fiel, como “Sentinela dos Mares”.
Tudo pela Pátria e pela Marinha!
Marinheiros! Avante!
Marinheiros! “Rumo ao Mar”!
“Tudo pela Pátria”!
Avante a navegar!
MARCOS SAMPAIO OLSEN
Almirante de Esquadra
Comandante da Marinha