Newton Costa, Diretor-Presidente da AMAZUL
A Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. – AMAZUL celebra 10 anos de existência neste 16 de agosto de 2023 e consolida-se como um dos principais atores no setor nuclear brasileiro. A empresa desenvolve tecnologias voltadas para garantir a soberania brasileira no mar, melhorar a saúde e a qualidade de vida da população e proporcionar outros benefícios para a sociedade. Os projetos e empreendimentos de que participa têm como objetivo final a construção do submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear, a gestão de conhecimento, a geração de energia elétrica, a produção de radio fármacos, o desenvolvimento de dispositivo de assistência ventricular, a conservação e proteção de alimentos, dentre outros. É a maior contratante de engenheiros da área nuclear.
No momento, a AMAZUL prepara-se para assumir novas responsabilidades no Programa Nuclear da Marinha (PNM) e no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) e ampliar sua atuação nos mais importantes empreendimentos do Programa Nuclear Brasileiro (PNB).
Em relação ao PNM, a AMAZUL assumirá a gestão contratual e operacional de fases do ciclo do combustível nuclear, denominação do conjunto de processos industriais que transformam o urânio no combustível que gera energia nos reatores nucleares. As novas atribuições da AMAZUL envolverão a prontificação, o comissionamento e a operação da Usina de Hexafluoreto de Urânio (USEXA), onde é feita a conversão do minério beneficiado de urânio em gás, e a revitalização do Laboratório de Enriquecimento Isotópico (LEI) e do Laboratório de Materiais Nucleares (LABMAT).
A produção em escala do combustível nuclear é um dos dois vetores do PNM. Em relação ao outro vetor, o desenvolvimento de uma planta nuclear de geração elétrica, a AMAZUL já compartilha com a Marinha a gestão contratual da construção do Laboratório de Geração Nucleoelétrica (LABGENE), que será utilizado para validar as condições de projeto e ensaiar todas as condições de operação possíveis para uma planta de propulsão nuclear.
“Com essas novas atividades, a AMAZUL atinge um novo patamar de maturidade tecnológica e se credencia para atuar em projetos complexos no setor nuclear”, afirma o Diretor-Presidente da empresa, Newton Costa.
Quanto ao Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), a AMAZUL está comprometida com a capacitação de pessoal e a busca de parcerias com empresas para aumentar o grau de nacionalização dos submarinos, que são eixos estruturais do programa, contribuindo, também, para o fortalecimento da base industrial de defesa nacional. Atualmente, por meio de acordos de cooperação técnica, ajuda a desenvolver tecnologias como o sistema integrado de gerenciamento de plataforma e o sistema de combate de submarinos.
Geração de energia
O conhecimento gerado pelo PNM permite à AMAZUL o uso das tecnologias para fins não militares, dentro do PNB, tal como a geração de energia. A empresa atua em projetos voltados para o aumento da oferta de energia, a diversificação da matriz e a segurança energética do País. Junto com a Marinha, contribui para a fabricação de ultracentrífugas destinadas ao enriquecimento de urânio, que é transformado em combustível nuclear pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e enviado às usinas de Angra. Ainda para a INB, projeta a ampliação da Usina Comercial de Enriquecimento de Urânio (UCEU) em Resende (RJ), dentro do programa da estatal para abastecimento das usinas de Angra com combustível nuclear.
Em parceria com a Eletronuclear, participa do projeto de extensão da vida útil da Usina Nuclear de Angra 1 e está capacitada para participar nos empreendimentos de Angra 2 e Angra 3.
A tecnologia adotada na construção do protótipo do reator nuclear para a propulsão naval no Centro Industrial Nuclear de Aramar (CINA), em Iperó (SP), permite, também, ao País desenvolver pequenos reatores (small nuclear reactors), uma das alternativas mais promissoras para diversificar a matriz energética brasileira, levar energia às regiões mais isoladas e contribuir para a descarbonização do Planeta.
Medicina nuclear
Na área da medicina nuclear, a AMAZUL participa da implantação de um programa de modernização no Centro de Radiofarmácia do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo, que garante a produção e distribuição de radiofármacos para todo o País, contribuindo com a melhoria da qualidade de vida de milhares de brasileiros.
Um dos projetos estratégicos e de grande alcance científico e social nos quais a AMAZUL atua é o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), empreendimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), voltado para pesquisa e produção de radioisótopos que são aplicados na medicina, na agricultura, na indústria e em testes de materiais, dentre outros setores. Sua principal função é tornar o Brasil autossuficiente na produção de insumos, hoje importados, para a fabricação de radio fármacos usados no diagnóstico, na prevenção e no tratamento do câncer e outras doenças.
A AMAZUL disponibiliza ao mercado sua metodologia de gestão do conhecimento, que vem sendo implementada, com sucesso, em instalações nucleares ligadas à Marinha, já há oito anos, mas pode ser replicada em qualquer empreendimento, público ou privado, que busque reter, disseminar e proteger o conhecimento.
O modelo já foi implantado em áreas estratégicas do PNM, voltadas para enriquecimento de urânio, gestão do meio ambiente, treinamento, gestão de projetos nucleares e de desenvolvimento de submarinos, pesquisa e inovação, segurança nuclear e saúde, dentre outras, e também em uma organização privada.
A premiada metodologia da AMAZUL foi homologada pelo Ministério de Defesa como produto estratégico de defesa (PED), em setembro de 2021, o que permite à empresa prestar consultoria na área de gestão do conhecimento à Base industrial de Defesa (BID), conjunto de empresas participantes de uma ou mais etapas do desenvolvimento e manutenção de produtos, bens e serviços relacionados à defesa do País.
Como Instituição de Ciência e Tecnologia, a AMAZUL contribui para o desenvolvimento científico e a independência tecnológica do País.
Outros projetos
À medida que ganha expertise na área nuclear e maturidade tecnológica, a AMAZUL prospecta novas oportunidades de negócio. O conhecimento no desenvolvimento das ultracentrífugas, empregadas para o enriquecimento do urânio, pode ser usado em projetos para melhorar a saúde e salvar vidas. Um dos negócios em prospecção é uma parceria com a Fundação Zerbini/INCOR – Instituto do Coração, para o desenvolvimento de um dispositivo de assistência ventricular (DAV), que auxilia o bombeamento de sangue em pacientes com insuficiência cardíaca, que estão à espera do transplante. Com isso, o paciente ganha sobrevida para aguardar novo coração, sem necessidade de recorrer a dispositivos importados de elevadíssimo custo. A produção nacional do DAV poderá atender às necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em parceria com o Ministério da Agricultura, instituições de pesquisa, o IPEN e a iniciativa privada, a empresa realiza tratativas para a implantação de centros de irradiação industrial no Brasil, notadamente na área de alimentos.
A AMAZUL espera ter participação ativa do Centro Tecnológico Nuclear e Ambiental (CENTENA), núcleo de segurança e sustentabilidade para o setor nuclear. O empreendimento, conduzido pela CNEN, sob a coordenação do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), terá como objetivo projetar, construir e comissionar um centro tecnológico que, além de armazenar definitivamente os rejeitos radioativos, contará com edificações de apoio operacional e instalações para pesquisa e desenvolvimento tecnológico. A divulgação de atividades do setor nuclear e treinamentos especializados serão também contemplados no centro.
Outro negócio em prospecção pela AMAZUL é o desenvolvimento de pequenos reatores nucleares modulares (SMR), que estão sendo apontados como alternativa para aumentar a geração de energia de forma mais sustentável. O reator nuclear que a Marinha constrói em Iperó, que pode ser usado tanto para a propulsão naval quanto para a geração de energia elétrica, proporciona à empresa o domínio da tecnologia para o futuro desenvolvimento do SMR brasileiro.
Pequeno e modular, esse tipo de reator pode ser montado em escala em fábricas, transportado com facilidade e instalado em locais distantes e não adequados para usinas nucleares maiores. Assim, proporciona economia de custos e de tempo de construção, podendo ser implantado de forma incremental para atender à crescente demanda de energia. Sua configuração permite que os módulos possam atender a várias aplicações, como geração de energia ou de hidrogênio e energia para dessalinização da água do mar, por exemplo. O SMR também pode ser combinado com outras fontes de energia, incluindo fóssil e a renovável.
A contribuição ao meio ambiente também é uma das vantagens do SMR, que pode integrar estratégias de descarbonização e atuar como suporte para aumentar a base de energias renováveis, como a solar e a eólica. Além de ter margens de segurança aumentadas, as usinas baseadas em SMR exigem reabastecimento de combustível com menos frequência.
Ao completar os primeiros 10 anos de existência, a AMAZUL vem superando desafios para realizar sua visão de entregar ao País recursos humanos capacitados, conhecimento e tecnologias nos setores nuclear e de desenvolvimento de submarinos, fiel a seu lema: “Tecnologia Nacional em Benefício da Sociedade”.